Transição energética: confira 5 desafios para indústria no Brasil.

transição energética nas indústrias

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Transição energética trata-se de um processo para mudanças estruturais nas matrizes energéticas a longo e curto prazo. A necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e diminuir a dependência de combustíveis fósseis tem impulsionado a busca por fontes de energia renovável e mais limpas. No entanto, a indústria ainda enfrenta inúmeros desafios nessa transição.

Neste artigo, discutiremos alguns desses desafios. Abordaremos não só questões técnicas e operacionais mas, também, a mudança cultural necessária até que tenhamos infraestrutura para uma transição eficiente. Acompanhe!

Por que pensar em transição energética?

As indústrias devem pensar em transição energética porque a adoção de fontes de energia renovável e eficiência energética são fundamentais para atender aos objetivos de ESG (Environmental, Social and Governance) e sustentabilidade. 

As empresas estão cada vez mais cientes do quanto elas precisam e têm responsabilidade em reduzir seu impacto ambiental. A transição energética vem nessa esteira como uma importante maneira para atender a essas expectativas e cumprir as normas e regulamentações relacionadas à gestão ambiental

Além disso, a transição energética pode trazer benefícios financeiros para as empresas, como a redução de custos com consumo de energia e a melhoria da eficiência operacional.

Mas, existem alguns desafios pela frente.

Principais desafios para a indústria na transição energética.

De questões técnicas à políticas governamentais, passando por cultura empresarial e dificuldades operacionais, isso sem considerar interesses econômicos. 

Esses são problemas reais e que desafiam a sociedade em geral quando pensamos em transição de matriz energética.

Contudo, o foco aqui é apresentar questões relacionadas à indústria de modo geral. 

Nesse sentido, os principais desafios na transição energética, são:

1- Integração de fontes de energia renovável com a rede elétrica. 

Diferentes fontes de energia renovável, como a solar, eólica e hidrelétrica, possuem características distintas que tornam complexa a sua incorporação na rede elétrica existente. 

Por exemplo, a energia solar e eólica são intermitentes, ou seja, sua geração não é constante, o que pode afetar a estabilidade do sistema elétrico. 

Para superar esse desafio, é preciso investir em tecnologias de armazenamento de energia e em sistemas de gestão inteligente da rede elétrica.

2- Modernizar infraestruturas de energia existentes.

Muitas usinas termelétricas e redes elétricas foram projetadas há décadas e não foram pensadas para acomodar fontes de energia renovável. É preciso, portanto, investir em tecnologias de modernização dessas infraestruturas para que possam lidar com as novas fontes de energia.

3- Capacitação profissional.

Para lidar com as novas tecnologias, a indústria precisa investir em programas de treinamento e capacitação de pessoal para que possam lidar com as novas demandas de energia. 

Isso inclui não só engenheiros e técnicos, mas também gestores e profissionais de outras áreas, como manutenção e Supply Chain.

Setores que lidam com fornecedores e prestadores de serviços, também têm muito a contribuir neste processo. A indústria, em sua grande maioria, é dependente de insumos e componentes industriais.

Não há como pensar em capacitação sem envolver toda a cadeia produtiva.

4- Mudanças culturais e políticas. 

A transição energética envolve mudanças significativas na forma como a energia é produzida, distribuída e consumida. 

Isso requer uma mudança de mentalidade e cultura dentro da indústria, além de uma maior colaboração entre empresas, governos e sociedade civil. 

É preciso que todos trabalhem juntos para criar um ambiente favorável à transição energética.

5- Resistência política e lobby

Não é exclusividade do Brasil empresas que têm interesses em manter o status quo

É preciso, portanto, criar políticas públicas que incentivem a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis, como incentivos fiscais e regulamentações mais rígidas em relação à emissão de gases de efeito estufa.

5Ds da transição energética

Para a transição energética ser possível primeiro precisamos pensar em planejamento. Só assim teremos a transformação necessária.

Por isso, essa abordagem considera cinco dimensões da transição energética, que são:

Descarbonização

A descarbonização refere-se à redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes da produção e uso de energia. 

Isso implica na redução do uso de combustíveis fósseis e na adoção de fontes de energia renovável, como a solar e eólica, que emitem menos gases de efeito estufa.

Descentralização

A descentralização refere-se à mudança de um modelo centralizado de produção e distribuição de energia para um modelo mais descentralizado e distribuído. 

Isso implica na adoção de tecnologias que permitam os consumidores gerarem sua própria energia, como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas em telhados residenciais, comerciais e industriais.

Digitalização

A digitalização refere-se à adoção de tecnologias digitais para gerenciar e otimizar a produção, distribuição e consumo de energia. 

Isso inclui a adoção de sistemas de gestão inteligente da rede elétrica e de plataformas digitais que permitem a comunicação entre diferentes dispositivos de energia.

Democratização

A democratização refere-se ao envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na tomada de decisões sobre o setor de energia. 

Isso implica na adoção de modelos de governança mais participativos e inclusivos, onde os cidadãos podem participar ativamente na produção e consumo de energia.

Diversificação 

A diversificação refere-se à adoção de uma ampla gama de fontes de energia, incluindo fontes de energia renovável, tecnologias de armazenamento de energia e outras fontes de energia limpa. 

Dessa forma, reduzir a dependência de fontes de energia únicas e aumentar a resiliência do sistema de energia como um todo.

O que as indústrias podem fazer por enquanto?

A eficiência energética ainda é um aspecto crítico para as empresas que buscam reduzir seus custos e minimizar seu impacto ambiental. 

Mesmo que não se tenha uma infraestrutura para trocar definitivamente a matriz de consumo de energia, existem algumas maneiras para as empresas serem eficientes energeticamente e, também contribuírem com a sustentabilidade ambiental.

Fique tranquilo que não vamos dizer para trocar lâmpadas convencionais por LED, isso todos sabem. Queremos ir além. 

Reaproveitamento de energia e calor

As indústrias podem avaliar processos para descobrir se há oportunidades de aproveitar fontes de energia e calor geradas na própria empresa. Por exemplo, o calor gerado em compressores pode garantir um ótimo reaproveitamento de energia.

Ainda, processos com reações exotérmicas, lavagens com água quente ou vapor, limpeza de peças sujas de lubrificantes, banhos antes da pintura, tratamento térmico; todos são exemplos de possibilidades de reaproveitar energia que já foi consumida.

Reduzir, Reutilizar e Reciclar (3Rs)

Existem diversos processos industriais que permitem aplicar na prática os 3Rs da sustentabilidade. Isso não é papo de ativismo ambiental. Muitas indústrias economizam milhares de dólares adotando práticas da Economia Circular.

É um conceito de desenvolvimento econômico que faz um melhor uso de recursos naturais, por meio da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. (Fonte: Portal da Indústria, Economia de A – Z)

Alguns exemplos práticos para a indústria: reaproveitamento de óleo lubrificante, reaproveitamento de água, parcerias com fornecedores para recuperar peças desgastadas, entre outros.

No mercado de rolamentos de grande porte há um bom exemplo disso. A SKF e sua rede de distribuidores certificados conseguem fazer a repotencialização dos rolamentos que já apresentam os primeiros sinais de desgaste.

Por ser um tipo de rolamento de alto valor agregado, que muitas vezes é fabricado sob encomenda, o serviço de repotencialização traz economia financeira e de prazos de entrega.

Mas para que este tipo de ação seja possível, o próximo tópico é importantíssimo. Tanto para a economia circular, quanto para obter maior eficiência energética.

Monitoramento e gestão de ativos

Para uma empresa ser eficiente operacionalmente e ainda consumir menos energia é preciso monitorar os equipamentos. 

Para isso, terá de usar técnicas de manutenção preditiva e manutenção centrada na confiabilidade.

A manutenção preditiva usa tecnologias como sensores e análises para monitorar o desempenho de equipamentos e detectar possíveis falhas antes que elas ocorram. Além de reduzir os custos de manutenção, ela maximiza a disponibilidade dos equipamentos.

Quando são monitorados, os equipamentos têm menos probabilidade de sofrer falhas graves que exigem reparos caros.

Além disso, equipamentos em bom estado de conservação consomem menos energia do que equipamentos com problemas ou que não recebem manutenção adequada. 

Um indicador importante para medir a eficiência energética e a eficácia da manutenção é o Overall Equipment Effectiveness (OEE). O OEE leva em consideração a disponibilidade, o desempenho e a qualidade do equipamento. 

Quando um equipamento está parado devido a uma falha, sua disponibilidade é reduzida e, como resultado, não se produz.

Consequentemente demandará horas extras para compensar o tempo perdido e aumentar o ritmo da produção. Isso reflete em maior consumo de energia, aumento do desgaste dos equipamentos e quebra de componentes.

Aí, voltamos ao ponto inicial. É um looping que não acaba.

Em resumo, a utilização de técnicas de manutenção preditiva e manutenção centrada na confiabilidade pode trazer benefícios práticos para as empresas que buscam melhorar sua eficiência energética. 

Essas técnicas ajudam a reduzir o consumo de energia, evitar paradas não programadas e reduzir os custos de manutenção. Além disso, melhoram o OEE, que é um indicador importante para medir a eficiência energética e a eficácia da manutenção.

Produzir sua própria energia

Deixamos esse tópico para o final porque sabemos o custo que tem mas, com planejamento e cálculos bem feitos, pode ser que não saia tão caro assim.

As empresas podem instalar painéis solares, turbinas eólicas ou outras fontes de energia renovável em suas instalações para gerar sua própria eletricidade e reduzir sua dependência de fontes de energia fósseis. Isso pode ajudar as empresas a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e a diminuir seus custos com energia.

Para finalizar

Em resumo, a transição energética nas indústrias deve ocorrer por meio da adoção de estratégias específicas, como a melhoria da eficiência energética, a adoção de fontes de energia renovável, a implementação de tecnologias e a adoção de práticas de economia circular. 

Essas estratégias podem ajudar as indústrias a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a minimizar seu impacto ambiental e a se tornar mais sustentáveis.

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